A dor na hora da relação sexual – causada muitas
vezes pelo medo e estresse excessivo – é um problema que tem nome e afeta de 3%
a 5% da população feminina. Muitas vezes encarado como “frescura”, o vaginismo
tem cura e merece atenção.
Frases como: “você precisa relaxar” ou “toma um
vinho que passa” são ouvidas com certa frequência por quem sofre do distúrbio.
Mas a mulher que tem vaginismo se sente totalmente incapacitada para o
sexo, pois seus músculos vaginais se contraem involuntariamente e a penetração
se torna inviável por causa da dor.
De acordo com a ginecologista e sexóloga Carolina
Ambrogini, coordenadora do Centro de Apoio e Tratamento do Vaginismo
(CATVA) da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), na maioria das vezes
a causa do problema é psicológica. Mulheres que tiveram uma educação muito
rígida e religiosa, em que a virgindade é muito valorizada, podem
desenvolver vaginismo. Traumas e abusos também podem estar relacionados ao
distúrbio. “São mulheres que têm dificuldade de ter relação sexual porque
contraem tanto a musculatura que não conseguem permitir que o pênis chegue nem
perto da vagina”, explica a dra. Ambrogini.
“É
importante destacar que somente um ginecologista não consegue ajudar a mulher.
É preciso que o profissional seja especializado em sexologia, porque senão a
paciente acaba indo de médico em médico sem conseguir resolver o problema.
Isso só gera uma angústia enorme”, conta.
O tratamento depende de cada caso, mas em geral
engloba exercícios de relaxamento da musculatura vaginal, além de técnicas de
respiração, inserção de dilatadores vaginais e psicoterapia. “O importante é a
mulher saber que existe tratamento”, completa a médica.
O tratamento oferecido no centro da Unifesp é
gratuito. A interessada deve, primeiramente, telefonar para agendar uma
palestra geral sobre sexualidade, a qual deve assistir antes de ser encaminhada
a uma consulta. O médico, então, vai tentar identificar a origem do problema e
mandá-la para a equipe de psicólogos, fisioterapeutas, entre outros
especialistas. “Um dos principais problemas que geram o vaginismo é o medo
de sentir muita dor. Temos atualmente cerca de 50 mulheres em tratamento. Há
casos de pessoas que estão há mais de 20 anos casadas, mas sofrem com o problema”,
diz a dra. Ambrogini.
Ela conta ainda que muitas vezes os parceiros
acabam “contribuindo” com o fato de a mulher adiar a busca
pela solução do distúrbio. “Geralmente, nós percebemos que os namorados e
maridos são muito ‘bonzinhos’, que entendem a situação, afinal, há outras
maneiras de fazer sexo. Com isso, vão deixando a mulher estender o problema por
muito tempo”, relata a ginecologista.
O período de duração do tratamento também depende
de cada caso, mas pode ser de meses ou até anos. “As mulheres chegam aqui
muito desanimadas, com a autoestima baixa. Por isso é importante dizer que é
possível solucionar o problema, que a taxa de sucesso é extremamente alta. A
gente mostra o caminho, basta querer”, esclarece.
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